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Um senhor anel!

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 23 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de jan. de 2021


Se bem que não dava pra chamar aquilo de anel!? Eu tinha uns 10 anos e meu irmão 8. À agência do Bradesco aqui de Jandira ainda tinha sua entrada principal pela rua Conceição Sammartino, ao lado do antigo açougue do Humberto japonês. Minha mãe tinha ido até o banco para fazer alguma pagamento ou recebimento, não lembro exatamente. Eu já estudava no período da tarde, das 15 às 19 horas. Fomos rápido, pois tinha que voltar e ir para escola. No caminho da ida, meu irmão que era adepto de, ao andar, ficar olhando para o chão, e a consequência disso!— ele achava muitos trecos. Nesse dia ele achou uma parte de um rolamento de aço, semelhante a um anel, mas bem mais largo e espesso. Ele viu o objeto no chão; rapidamente já colocou no bolso e me falou:

- Celo achei um anel incrível, quer experimentar?

- Eu quero! — respondi sem nenhuma convicção, mas muito interessado no anel.

Colocamos o anel em meu dedo anelar da mão esquerda. E aí começa o nosso drama! — o anel não saía mais.

- Puts Celo! — exclamou meu irmão.

Diante desse impasse, optamos em não contar pra minha mãe. E assim fizemos, guardamos este enfadado e inchado segredo, mas não por muito tempo! Depois de resolver tudo pelo centro de Jandira, voltamos pra casa. Meu dedo anelar já pulsava como um coração apaixonado: TUM, TUM, [...].

Me preparei para ir pra escola, sempre escondendo o dedo da minha mãe. E o anelar sem circulação sanguínea, só inchando. Na escola, como era na mão esquerda e sou destro, consegui esconder da professora, mas começou doer muito e fui ficando mais inquieto do que meu estado natural. A Dona Ivete, minha professora, sempre muito atenta; “Me deixa ver esta mão menino?— meu segredo havia sido descoberto —, me mandou pra diretoria e de lá me mandaram pra casa.

Chegando em casa mostrei o dedo pra minha mãe e ela espantada:”O que é isto Celo? Quem te deu isto? Vou te matar! Depois te ressuscitar e te matar de novo! Isso é pra você deixar de ser besta! Onde já se viu! Um moleque desse tamanho colocando anelzinho no dedo!” — um tanto confuso com a dor, não consegui responder a todas as perguntas:

- Foi o Pau que me deu! — assim chamávamos meu irmão Paulo.

Minha mãe tentou ensaboar o dedo pra ficar mais liso, mas não teve sucesso nesta tentativa. Foi aí que ela pegou a sua tesoura e partiu para o salvamento. Foi um árduo trabalho, pra mim e pra ela, depois de muita força dela, e dor minha — minha mãe conseguiu “cortar” o anel de aço com à tesoura. Concluído o trabalho, disse-me carinhosamente

- Isso é pra você deixar de ser besta e ficar colocando qualquer merda no dedo!

- Éhh ...! — respondi sem muita animação e coragem para debater.

Acho que aprendi a lição, depois dessa, só coloquei novamente um anel no dedo, quando casei. E isso porque era uma cláusula pétrea.


Marcelo F Carmo

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