Hoje eu gostaria de crer que existe um deus da forma que tentaram me ensinar, ia desabafar. Diante de tragédias imensuráveis queremos descarregar nossas frustrações e decepções em um culpado — que! supostamente tem o dever de zelar por nossas insÃpidas vidas, basta ser humano pra sentir isto —, e se realmente existe um ser todo poderoso, é dele essa responsabilidade. Diria: “como assim deus, uma menina tão jovem ter sua vida ceifada dessa maneira?“ Eu sei que milhões e milhões de crianças morreram e morrem todos os dias, mas quero pessoalizar minha dor — sei que é egoÃsmo —, portanto é a dor que estou sentindo diante da morte — prematura porque um dia acreditei na ilusão de sua providência em casos como o dela, sei que morte é morte, não tem adiantamento ou atraso, quem está vivo morre — da minha amada sobrinha. Recobrando minha sanidade sei que não tenho nada nem ninguém para culpar e pedir explicações e assim — tentar— amenizar minha dor. Estamos por aqui sozinhos, sendo guiados pelo Absurdo e neste caso não existem razões, ordens e explicações. Serás atingido por angústia e dor invariavelmente, quanto mais pessoas tu amares, maior será o seu leque de dores. Saudades da doce e amável Luiza, foi um privilégio lhe conhecer e por alguns momentos, contigo conviver.e
Marcelo F cARMO