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Soneto LV

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 16 de fev. de 2021
  • 1 min de leitura

ESPINHOS, vidros rotos, enfermidades, pranto

assediam dia e noite o mel dos felizes

e não serve a torre, nem a viagem nem os muros:

a desventura atravessa a paz dos adormecidos,

a dor sobe e desce e acerca suas colheres

e não há homem sem este movimento,

não há natalício, não há teto nem cercado:

há que tomar em conta este atributo.

E no amor não valem tampouco olhos fechados,

profundos leitos longe do pestilente ferido,

ou do que passo a passo conquista sua bandeira.

Porque a vida pega como cólera ou rio

e abre um túnel sangrento por onde nos vigiam

os olhos de uma imensa família de dores.


Pablo Neruda

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