Recebi a indicação dessa canção, de mesmo título, do meu amigo Bitão, linda e profunda, interpretada por Maria Bethânia (fica a dica) segue o refrão:
“Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?”
(Poema de Pedro Abrunhosa)
A partir do momento que começamos ter um entendimento da vida, mesmo muito pequenos, já enfrentamos nossos “fantasmas”, no início são aqueles pequenos medos de quem tem um mundo todo à ser apresentado, nessa fase da vida, muitas vezes, quem nos salva dessa “espada”, afugenta os “fantasmas” e nos direciona de volta à “estrada”, são nossos pais, heróis genuínos. Fui privilegiado, meus heróis puderam me livrar de quase todas espadas, passei ileso, nem todos têm essa chance, vejo relatos e mais relatos de crianças vivendo fantasmas terríveis e seus heróis de mãos atadas, sem nada poder fazer para livrá-los das espadas (doença, dificuldade financeira, fome, violência, etc) que a vida apresenta.
Já na fase adulta, muitas vezes, trouxe esses fantasmas para minha vida e a capacidade de amedrontar e desestabilizar, às vezes esteve diretamente ligada às minhas escolhas. A vida seguia, hora ou outra um fantasma aqui outro ali, ferimentos profundos e outros superficiais, mas a “ferida” cicatrizava o fantasma ia embora, de volta a estrada da vida.
No ano de 2014 me deparei com um fantasma sem precedentes, um golpe de espada que “adentrou” o Sistema Nervoso Central e por lá tem destruído, dia após dia, Neurônios Motores, parte do corpo humano pouco conhecida, mas fundamental à uma vida plena. O mapa que conhecemos não pode me trazer de volta a estrada. Perguntas sem respostas em minha vida (primeiro verso da canção):
“De que serve ter o mapa se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista se o barco está parado,
De que serve ter a chave se a porta está aberta,
Pra que servem as palavras se a casa está deserta?”
Marcelo F Carmo
21/09/2018