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  • Foto do escritorMarcelo F Carmo

Pá, lata, suor e muito amor

Atualizado: 9 de fev. de 2021


Essa história foi com minha primeira filha menina, com o passar do tempo os filhos crescem e as emoções amadurecem.

Passou muito rápido, logo minha pequena menina era uma menina mulher. Entre os 15 e 16 anos me apresentou o primeiro namoradinho, menino educado e arrumadinho, não botei fé, achei que logo acabariam, mas a coisa foi ficando séria, ele estava sempre por aqui, fui me afeiçoando e logo o namoradinho, passou a ser mais um filho.

Certo dia, estava eu trabalhando em uma obra aqui na rua de casa, minha primogênita, era quem cuidava da casa e preparava o almoço, depois de labutar por algumas horas, num solão de rachar, vou para casa almoçar. Quando entro na cozinha, tá lá minha filha e o namoradinho, no canto da pia, dando aquele beijão! Perdi à linha e logo gritei:

- Some daqui moleque ousado, não quero vê-lo aqui nem pintado.

O menino passou por mim que nem um relâmpago, minha filha ficou muda e super concentrada nas tarefas. Fiz minha pratada, comida bem molhada, com farinha e apimentada, comi bufando de raiva daquele moleque, terminei o rango dei aquela cochilada e voltei para à obra, nem tchau dei pra aquela menina ousada.

Estava na obra, já mais calmo, depois de assentar uns tijolos e dar umas enxadadas, de repente olho para à escada e vejo aquele moleque com cara deslavada.

- Menino o que você veio caçar aqui?

Com aquela cara de bunda ele respondeu:

- Queria falar com o senhor!

- Vai desembucha, tô sem tempo.

- Eu queria pedir desculpas para o senhor e dizer que isso não vai mais acontecer, sou apaixonado pela sua filha e me descontrolei.

Ai parei e pensei! Menino corajoso, vir aqui depois disso tudo, vou dar uma prensa pra ver se esse moleque ama minha filha mesmo.

- Olha aqui menino, estou muito decepcionado com vocês, mas estou aqui muito atarefado, enquanto vou pensando na sua desculpa, pega essa lata e vai subindo aquela areia que está lá embaixo.

Novamente pensei, agora é o teste, vamos ver se ele desce e desaparece, me enganei, o menino subiu e desceu umas 50 vezes, subindo assim um metro cúbico de areia, na última viagem, com cara de acabado, me perguntou:

- O senhor já pensou?

- Claro que sim, vá descansar e amanhã lhe vejo lá em casa.

O menino desceu às escadas e fiquei convencido que o teste de amor deu certo, eles seguem casados até hoje, estão sempre aqui por perto.

Uma prova de amor acompanhada de uma pá, uma lata e muito suor.


Marcelo F Carmo

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