Desde muito jovem tive uma relação intensa com a música, mesmo não sabendo tocar nenhum instrumento e muito menos cantar, apenas um admirador intenso. Ainda muito pequeno e em uma época de poucos recursos de áudio e vídeo, tenho lá minhas lembranças a partir das preferências musicais dos meus pais, minha mãe o programa Viola minha Viola, meu pai Roberto Carlos especial e outros programas bregas que passavam no rádio, as músicas sertanejas ainda gosto, já o Roberto Carlos ficou no passado. Com a chegada da adolescência, aquisição de um Walkman Sports da Sony (amarelo), só quem é um pouco mais velho entenderá, era uma das experiências sonoras mais incríveis da década de 90, não tinha internet e arquivos de música, rádio AM/FM, 10 memórias pra rádios, visor digital e som estéreo, o IPOD da época. A partir daí só rock e muito rock and roll, até me apaixonar e naturalmente incluir umas românticas para lembrar do meu amor. A música boa tem a capacidade de eternizar momentos na memória.
A vida seguiu vieram os filhos, mas o rock veio na bagagem, meu primogênito, Guilherme, dormia ao som de Radio Head, minha galega, Marcella, era sem frescura, de Metallica à Xuxa, dormia como um anjinho. Da mesma forma que fui influenciado pelos meus pais, assim também foram meus filhos, fizemos muitas e muitas viagens ao som da playlist criada por mim, eu era meio ditador nesse quesito, isso aproximou nossas preferências musicais até hoje.Tive o privilégio de ouvir muitas musicas da Pearl Jam com meus filhos e esposa, por lindas estradas desse Brasil e até ao vivo com minha filhota em 2015, estava com o diagnóstico recente, mas me esforcei para não deixar essa “maldição” contaminar aquele momento especial com a minha filha, tenho o hábito de associar músicas especiais à pessoas e situações, grande risco, pois pessoas pisam na bola, o que era legal no passado, no presente pode tornar-se um saco e aí fica difícil ouvir aquela música, tenho que parar com isso!
Com o advento das mídias digitais ouvir música mostra-se uma experiência ainda mais incrível, a idade avança e o leque de estilos musicais vai aumentando, hoje ouço rock também e não exclusivamente, meus filhos e minha esposa mostraram outros estilos musicais que ouço atualmente. Tenho me esforçado para não associar boas músicas a esse mau momento da vida, pois essa situação é tão ruim que, se associar uma trilha sonora a essa tragédia humana, nunca mais terei o desejo de ouvir tais canções.
A música tem sido uma boa companhia nessa fase ruim da vida, esse tal Spotify que minha filha me apresentou, tem ajudado a tornar dias ruins em suportáveis, usar a música para viajar nas boas lembranças tem sido um exercício diário pra mim.
Marcelo F Carmo
08/10/2018