Ah como era bom as festas juninas escolares (ensino fundamental I). Era a chance de acreditar, que o destino me ajudaria e dançaria quadrilha com uma de minhas paquerinhas, no plural, porque eu tinha do plano B até o Z. Era um garotinho muito apaixonado, a maioria das vezes, essas paixões terminavam quando minhas amadas descobriam. Não era propriamente o modelo de prÃncipe que à s meninas sonhavam. Na festa junina, existia uma chance de ficar em destaque, como mister caipirinha, e necessariamente, não precisava ser o mais bonito. Foi nessa época que comecei entender o papel da polÃtica em minha vida, eu não precisava ser o mais bonito e nem tão pouco o mais inteligente, o que contaria seriam minhas alianças, meus conchavos para vender e convencer meus coleguinhas a venderem à s cartelinhas do Mister e da Miss caipirinha. Minha tática de alianças não era tão abrangente quanto as do PT, de PMDB à PSOL, por ser mais conservador, só sensibilizava meus irmãos e nesse caso, meus pais tornavam-se o nosso público alvo. Quem oferecesse primeiro vendia uns números — X na cartelinha — os demais tomavam um pito — “Sai daqui moleque, já ajudei seu irmão, a escola é uma só!“ — Realmente os pais são muito insensÃveis à s nossas causas existenciais!
Nunca tive sucesso nas cartelinhas, meus X’s nunca fechavam à cartela. A consequência disso, muitas vezes, me custou não ser escolhido para formar par. Pra esse grupinho dos desescolhidos, o que resta é contar com as indicações da Tia — professora — e nesse grupo só tinham às garotas não famosinhas, como eu! É paradoxal, mas com elas eu não queria dançar! Aprendi ainda cedo que querer não é poder, pra ter a chance de sair no meio das aulas para ensaiar e também pra sentir-se pertencente ao grupo, haveria de se pagar um preço! E ainda existia a chance de, na troca de pares, dar um cheirinho nas paquerinhas.
Ah como era bom fazer o caracol, o túnel, etc.;
Olha a cobra! É mentira!
Olha a chuva! Já passou!
Marcelo F CARMO