Minha cicuta
- Marcelo F Carmo
- 22 de out. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 8 de dez. de 2020
Não é medo de morrer, esse medo acho que — parcialmente — já perdi, o medo e desconforto é de viver esta iminência do fim. “Mas Marcelo todos vivem assim?” Não, não e não, ser afetado pelas inúmeras doenças que fazem a vida penosa é uma situação ímpar, à cicuta que não mata logo é muito dolorosa. Não tem dose boa pra veneno, mas à que mata logo é o mais eficiente e portanto — pra mim — mais atraente e também menos danosa para o desgraçado, seus familiares e amigos perseverantes. À cicuta que surgiu no meu sistema nervoso central segue misteriosa, não sei se um dia à ingeri ou se ELA esteve sempre dentro de mim esperando o momento para se expandir e fazer esse estrago irreversível. “Há muitas espécies de cicuta e a sorte encontra geralmente uma ocasião para levar aos lábios do espírito livre uma taça dessa bebida envenenada — para ‘puni-lo’, como dizem então todos.” — Nietzsche.
Marcelo F cARMO
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