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Meu velho e encantador triciclo

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 5 de abr. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 17 de out. de 2020


Na verdade não lembro muito bem dele como triciclo, nas lembranças que tenho, ele já estava quebrado, era na verdade um biciclo, mas foi com esse veículo que fiz minhas primeiras viagens.

Também conhecido como; bibi, velotrol, velocipete, mótinha e etc - dependendo da região recebe nomes diferentes. O meu era velocipete e às vezes mótinha — meu é um exagero, era nosso! —, vermelho meio alaranjado e com as rodas azuis. Foi bem rápido para o eixo dianteiro quebrar, pois éramos pesados para o triciclo, o que restou; o corpo do velocipete e às duas rodas traseiras. Logo foi abandonado lá no fundo da quintal — que era secretamente chamado de‘trásdacasa’.

Lá no fundo era um sossego, ficava de frente para o triozinho (caminho de passagem de pedestres; humanos e caninos). Através do muro, ouvia-se os gritos da Dona Georgina (vizinha muito querida) — e é claro que; assim como à Dona Teodora era Tiodora na crônica “Tartaruga, jabuti ou cágado?”; à Dona Georgina por longos anos foi carinhosamente chamada, Dona Jorgína (o feminino de Jorge, era isso que eu imaginava) — O que eu fazia para viajar na mótinha quebrada? Vou tentar descrever, lá ‘trásdacasa’ tinha o tanque de lavar roupas, um poço desativado e o resto era um terreiro - semelhante a um quadrado com um retângulo fino como anexo. Ah! - já ia me esquecendo —, o encanamento que saia da pia era exposto, pois o antigo poço, tinha sido convertido em uma fossa (não existia rede de esgoto). Minha estratégia para a viagem era virar à mótinha de lado, sentar no corpo do brinquedo e viajar. À roda que ficava pra cima era o volante do meu caminhão, sim minha mótinha maneta era à boleia do meu caminhão — influenciado pela série de tv Carga Pesada, era minha Scania LK 141 laranja, à cara chata —, trocava marchas, manobrava à carreta e rodava pelo meu Brasil imaginário, minha rota predileta era; São Paulo SP — Dourados MS (terra natal de minha mãe). Mas o pequeno repertório geográfico e a influência da tv, criava viagens confusas e até uns rolês intercontinentais. Gostava muito do CHiPs; uma série de TV americana exibida entre 1977 e 1983. Era baseada nas aventuras de dois patrulheiros rodoviários em motocicletas na Califórnia. A sigla CHP significa Califórnia Highway Patrol ou Polícia Rodoviária da Califórnia. Por diversas vezes eu estava rodando pela rodovia Castelo Branco e ao pegar um acesso, logo ouvia as sirenes de Jon Baker e Frank Poncherello — não me atentava a esse detalhe de mudança de continentes sem voar. Dava à seta, reduzia às marchas, acionava o freio do cavalo, da carreta, descia dois degraus e batia aquele papo com Jon e Frank, meus patrulheiros rodoviários preferidos. Documentos sempre em dia, ligava minha Scania e seguia a desbravar continentes.


Marcelo F CARMO

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