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  • Foto do escritorMarcelo F Carmo

Maldito Benedito !

Atualizado: 26 de out. de 2020


Foi no ensino fundamental, lá na EE Alferes H. Sammartino, anos 80. Nessa década o bullying não recebia esse nome e nem tão pouco, era reconhecido como um problema social tão sério. Qualquer diferença física ou comportamental era um gatilho para disparar às chacotas e apelidos maldosíssimos. Muitas vezes era uma forma de defesa e o desejo de sair do palco dos ataques, entre apedrejar e ser apedrejado, à natureza humana, preferencialmente, fica com à primeira opção. Essa era a minha estratégia, não podia me destacar pela força, por ser o mais engraçado e nem tão pouco o riquinho, me defendia atacando aqueles que estavam mais inseguros. A minha característica à ser destacada, era a cabeça grande e à língua solta, era carinhosamente conhecido como cabeção e tagarela.

O evento em destaque, se deu nessas circunstâncias, auto-defesa. Um aluno novo, chamado Benedito, tinha lábio leporino e consequente à voz fanha, mas ele era mais forte e logo se enturmou com as pseudo-lideranças, ou seja, passou a “zuar” à cadeia inferior à sua casta. Sempre fui atento as características faciais e criativo nas comparações com personagens. Fui aguentando o Benedito e seus amigos, até que um dia explodi e mandei — “tá falando o que Buzolina!” —essa era uma personagem do programa do Bozo, um programa infantil apresentado por um palhaço, ela tinha uma voz esquisita, aí foi o meu trunfo. O menino ficou abalado, pois até seus parceiros riram. Isso desencadeou um contra ataque — “vou lhe pegar na saída seu cabeçudo!” — choque total, não estava preparado pra isso.

Aquele dia, a aula passou muito rápido, estava apavorado. Foi quando tive a brilhante ideia, saio pelos fundos, pulo o portão, amanhã falto e conto pra que o tempo diminua essa fúria. Infelizmente o Benedito também pensou no portão dos fundos, e lá estava a me esperar. Me senti como um bicho acuado e fui pra cima do predador e pasmem! Dei um “cacete” no bendito Benedito, foi surprendente, até pra mim. A partir desse evento, segui cabeçudo e tagarela, mas um pouco mais respeitado, graças ao maldito e ao mesmo tempo bendito Benedito.


Marcelo Ferreira do Carmo

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