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  • Foto do escritorMarcelo F Carmo

Guerra com siriris

Atualizado: 9 de fev. de 2021


Ah, como eram divertidos esses combates! Não sei exatamente se eram formigas ou cupins com asas. Vou explicar melhor essas batalhas, quando criança, entre 8 e 10 anos, década de 80, quase tudo por aqui era de terra, muitos terrenos sem casas, a maioria das casas tinham quintal e neles muitas árvores e plantas rasteiras. Minha casa tinha um quintalzão e o terreno ao lado desabitado, lugar com muitos cupinzeiros e formigueiros. Nas noites quentes de início de verão, observávamos esse fenômeno dos “siriris”, os insetos felizes com suas novas asas saiam voando freneticamente em busca de uma luz para chamar de sua. Até hoje não entendo muito sobre essa fixação dos siriris pela luz, deve ter alguma brisa nisso tudo.

Toda guerra têm dois lados, já falei do oponente, agora tenho que falar do outro lado, nós, sim! Eu e meu irmão éramos as forças aliadas que lutavam contra a invasão dos siriris. Como em toda guerra obedecíamos alguns princípios, tipo às resoluções da ONU; não atacávamos diretamente no formigueiro, quem perdia às asas era poupado e os inimigos abatidos não viravam alimento. Essa última resolução se fazia muito pertinente, pois em algumas regiões do Brasil é comum fazer uma farofa com à “nádega” dos siriris, que nessas regiões são conhecidos também como “tanajura”, tínhamos vizinhos dissidentes dessas regiões, faziam essa farofa frequentemente. O nosso embate era territorial, defendíamos nosso quintal, hoje sei da importância dos insetos, com 8 anos não gozava de bons conhecimentos biológicos, para os insetos, éramos mini Trumps. Nos armávamos com pedaços de madeira e ficávamos horas dando golpes no ar, lutávamos por lutar, nunca conseguimos dizimar o inimigo, éramos dois, e eles, milhares.

Hoje em dia vejo o fenômeno dos siriris praticamente extinto, a modernização das cidades têm impermeabilizado quase todos os espaços naturais, em nossa atual sociedade não existe espaço para os siriris. Escrevo esta confissão com pesar, mas precisava contar, já fui um opressor.



Marcelo F Carmo

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