Ah minha saudosa sexta série! Hoje o atual sétimo ano do ensino fundamental. De lá pra cá muita coisa mudou, mas continuam sendo crianças entre 11 e 12 anos, os atores principais dessa novela mexicana, transição da fase infantil para a adolescência, isso na teoria, pois na prática do dia a dia, não existe esta fronteira: Chiquititas e Rebeldes no mesmo capítulo.
Em 1985 éramos muito mais reprimidos, ainda vivíamos o final da ditadura militar. A escola era uma experiência um tanto opressora, tínhamos até uma matéria intitulada Educação Moral e Cívica. Aprendíamos todos os tipos de hinos: da bandeira, da independência, e o clássico hino nacional — este entoado de forma quase uníssona — sempre às quartas-feiras e em posição descansar (mãos pra trás e pés afastados).
Em uma dessas quartas pesadas de civilidade e patriotismo, nos rebelamos. A música de maior sucesso desse ano era; Escrito nas Estrelas, interpretada por Tetê Espíndola, para os padrões da época era um escândalo.
Durante uma dessas aulas chatas, cantamos um trecho da canção de forma uníssona e entusiasmada, com uma ênfase na palavra mais proibida:
“Signo do destino
Que surpresa ele nos preparou
Meu amor, nosso amor
Estava escrito nas estrelas
Tava, sim
Você me deu atenção
E tomou conta de mim
Por isso minha intenção
É prosseguir sempre assim
Pois sem você, meu TESÃO
Não sei o que eu vou ser
Agora preste atenção
Quero casar com você”
Depois deste TESÃO tão gostoso e libertador, fomos coroados com grande tensão. O professor levou toda à sala pra diretoria. Uma grande fila se formou na porta da sala da Dona Vilma, diretora da escola. Fomos severamente reprimidos, pois geralmente, seres que têm tesão pela vida, não são muito compreendidos pela sociedade opressora e seguidora de regras, ainda mais em uma escola em 1985! E nossa diretora nem imaginava os caminhos musicais que esse Brasilzão teria pela frente. Saudades Tetê!
Marcelo F Carmo