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Dias de Claudia

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 13 de dez. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de abr. de 2020


Fiquem calmas Claudias! Esse termo é baseado em uma Claudia específica, minha amada, doce e doida cunhada, uma cunhada com uma ligação especial, muito afeto envolvido. Fazendo uma retrospectiva em minha vida, pouquíssimas pessoas que conheci com 12 anos de idade segui com uma amizade próxima até a idade adulta. Ela é uma dessas exceções. Hoje nem tanto, mas até uns anos atrás, quando minha vida era normal, éramos praticamente um núcleo familiar.

E ao longo dessa convivência plena, pude aprender e entender essa maneira particular de lidar com a vida; “o jeito Claudia”. É uma forma simplificada de lidar com aquilo que a vida propõe, não usa muito o filtro dos conceitos de moralidade e boa convivência social, a informação é compartilhada antes de passar pelo processador de ideias.

Quem não teve seus dias de Claudia? É aquele momento que você fala o que deveria ter ficado apenas em seus pensamentos!

Ontem estava lembrando de dias de Claudia épicos que marcaram, minha curta carreira como professor de matemática. Certa vez fui solicitado por uma aluna, criança de uns 12 anos, a garota estava reclamando que um colega havia desenhado um pênis em sua cadeira, típica brincadeira entre adolescentes. Constatei o desenho na cadeira e chamei o menino, indagando:

- Foi você que fez isto garoto?

E ele calmamente se aproximou da cadeira dizendo:

- Foi sim professor!

- Menino você é louco, que brincadeira é está de ficar fazendo pinto na cadeira das meninas.

- Pinto professor! - indagou o menino com muita inteligência e sarcasmo juvenil - Era um fone!

Foi aí que meu dia de Claudia começou, respondi sem filtro:

- Menino quem ouve música pela bunda?

A classe ficou em silêncio e os dois adolescentes envolvidos no entrevero, ficaram com aquela cara; UÉ! Nessa eu podia ter ficado quieto, mas a Claudia que habita em mim, as vezes é indomável.

Uma outra vez, também no ensino fundamental, ao adentrar numa sala de aula, observei duas alunas amicíssimas, unha e carne, as meninas estavam sentadas distantes e trocando olhares de ódio. Foi aí que o professor, eu né! Iniciei mais um dia de Claudia, deixei escapar;

- O que houve com as melhores amigas do mundo? - com aquele tom de ironia e falta de bom senso.

Foi só o tempo de terminar de falar, as meninas voaram uma em cima da outra, com gritos e urros intraduzíveis. Aí foi aquele trabalho para separar a confusão e tentar iniciar a aula novamente, agora sem falar demais. Mas isso acontece comigo até hoje, tenho meus dias de Claudia.

Esse ímpeto de falar demais é como um gênio da lâmpada que mora dentro de mim, e diferente do gênio das histórias, não me dá direito a três pedidos, o meu gênio me dá apenas o arrependimento por falar o que nunca deveria ser dito.


Marcelo F Carmo

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