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  • Foto do escritorMarcelo F Carmo

Ciclo


De repente eu me vi perdida, vagando por um mundo onde eu me desconectei de mim mesma e me reconectei tantas vezes.


Eu andei restaurando peça por peça do meu quebra-cabeça interno, num trabalho quase que artístico, tentando alcançar a sombra do que eu fui um dia, o início, a matriz.


Tudo foi aproveitado, ou reiniciado de forma que o máximo de todas as experiências fossem transformadas em evolução.


Ou mera involução num momento oportuno por pura diversão.


Sim! Rir-se de sua própria queda pode ser um ótimo exercício para combater a arrogância, afinal todos somos iguais em erros e acertos, somente trilhamos caminhos diferentes com calçados também diversos que nos proporcionam ir mais ou menos veloz.


Tracei metas e as desfiz, na mesma velocidade uma da outra, como quem já tem a maturidade suficiente para entender que a vida é hoje.


Desisti por um momento de definir mais uma rota, me deixando levar ao sabor do vento.


Por vezes manter minhas mãos firmes no leme me causou feridas pelas quais eu poderia ter escapado, parar o que dói é o mais sensato a se fazer na maioria das situações.


Daí meu barco estava à deriva, eu podia sentir a brisa leve, e o sol manso tocar meu rosto sem preocupação alguma.


Então você apareceu do nada…


De fato você sempre esteve lá, camuflado na paisagem ao redor, me cercando como um anjo distante e pontual que somente aparece quando lhe compete.


Nas sutilezas que nunca me deixaram esquecer que você existia.


Um afago carinhoso e frio, mas era você ali, despretensiosamente.


Sempre meu e não mais meu.


E o inesperado soco do destino atingiu o seu estômago.


Providencialmente eu te estendi a mão.


E percebi que das peças de mim que estavam perdidas você seria o último ponto para fechar a teia.


Você representa o amor singelo, puro e primeiro.


Baixei então a guarda e me rendi ao começo de tudo.


Percebi que gosto do lugar para o qual eu me transporto quando eu estou com você.


Também gosto de pensar em mim da maneira como você me vê.


E me apaixonei novamente pelos sonhos que não realizamos juntos, pelas canções que não cantamos ainda, ou mais uma vez.


O sentimento por quem te deixou não é de ciúme, pelo contrário é de gratidão, como se ela tivesse guardando por todo esse tempo meu tesouro para mim.


E Deus em sua infinita bondade permitiu que me fosse devolvido.


Olho para nós no espelho e gosto de nos ver como uma obra finalizada prontos para aquilo que sempre buscamos e não sabíamos onde estava.


Meu ciclo finalmente se fechou.


Gizelly Lacerda Maia

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