top of page
  • Foto do escritorMarcelo F Carmo

Bolo de aniversário

Atualizado: 27 de fev. de 2021


Aqueles que como eu, viveram à infância pegando o final da década de 70 e a de 80 completa, lembrarão desta época de ouro, final da ditadura militar e início da nova democratização no Brasil, uma das características sociais desta época eram os bolos de aniversários e casamentos, eram gigantes, quanto maior, maior era o prestígio dos agraciados em destaque. O bolo gigante, geralmente, não apresentava um bom sabor, era grande, bonito, impactava quem via, mas ao experimentar, Urgh! O sabor, muitas vezes, era péssimo, resultado? Sobrava quase tudo. Com o passar dos anos, percebo uma mudança neste comportamento, os bolos foram ficando menores e os sabores melhores, quase ninguém leva aquela Tupperware de bolo ruim pra casa, pois o bolo bom é pequeno, só da pra comer aquela pequena parcela que lhe cabe e basta, vale mais uma pequena parcela deliciosa do que aquela Tupperware cheia de bolo ruim.

Hoje faço um paralelo do bolo de aniversário com à minha vida, de que vale prolongar isso tudo, lutar por essa fatia de bolo, que pode ser grande, mas e o sabor? De que vale alcançar tantos e tantos anos de idade dessa forma? Uma Tupperware lotada de bolo ruim ou aquele pequeno pedaço saboroso? Ouvir das pessoas sobre a sobrevivência longínqua do físico teórico e cosmólogo britânico Stephen William Hawking (1942-2018), que sobreviveu longos anos afetado por ELA, em nada me anima, à Tupperware lotada do bolo grande e de sabor questionável, não me seduz.

Sinceramente, dentro do que é possível, tenho optado pelo pequeno pedaço, saboroso e incrível, pois à realidade tem mostrado que, a chance do bolo ruim alcançar um sabor agradável, está muito, mas muito distante, da minha realidade. Melhor usufruir desse “pedacinho saboroso” que guardo na memória, à lutar por esse pedaço, que até pode ser grande, mas certamente, pra mim, o sabor não é nada agradável, dispenso (mesmo sem ter esse poder) essa Tupperware do bolo ruim que à vida — supostamente — tem me oferecido, de nada vale à quantidade se à qualidade está severamente ameaçada.

“Vale mais uma pequena parcela deliciosa do que aquela Tupperware cheia de bolo de sabor desagradável.”


Marcelo Ferreira do Carmo

75 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Qual a chance de dar errado?

É inevitável não ter feito esta pergunta, em algum momento da vida. Mas viver é conviver com a hipótese esmagadora, que em algum momento, vai dar errado! O certo e o errado, são conceitos pessoais, e

bottom of page