Qual é a sua bala?
- Marcelo F Carmo
- 15 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de mar. de 2020
Pode ser que ela foi disparada no momento que nascemos, por circunstâncias misteriosas e inacessíveis à homens ditos escolhidos, especiais, geniais e outros inúmeros adjetivos. Ou simplesmente por sermos mecanismos fadados à colapsos, não sabemos em que momento e de que forma nos atingirá. Uns são atingidos ainda bem jovens, outros com mais idade. O tipo da munição e sua letalidade, variados, pode ser um câncer, um AVC, AME, ELA, AIDS, ataque cardíaco e até uma bala real, são inúmeras maneiras de se aniquilar uma vida, bala de todos os lados. A sua condição social pode protelar alguns desses ataques e até lhe proporcionar escudos, isso pra algumas dessas balas, para a que me atingiu e outras mais, não importa, seja rico ou pobre, perecerás com ELA.
Já nascemos sabendo que uma hora ou outra seremos atingidos, isso é irrevogável, meu questionamento está na letalidade da bala que me atingiu, ELA, se o objetivo final é a morte, pra que sobreviver com essa bala dentro do corpo destruindo e deixando, lentamente, um rastro de imobilidade e dor?
Uns tem mais sorte, se é que da pra chamar isso de sorte, mas comparando com a realidade de quem sobrevive com ELA, um ataque fatal, mostra-se menos doloroso, no meu caso, preferiria que a bala que me atingiu, em cheio no Sistema Nervoso Central, lá em 2014, tivesse sido fatal, e não é porque sou um cara de pouca fé, covarde ou qualquer outra classificação de um derrotado, é que a realidade de estar semi-vivo e semi-morto, está entre as situações mais terríveis à serem sobrevividas.
Qual é a sua bala? Existe colete balístico ou escudo? Da pra desviar da bala? Para, aproximadamente, 20 mil brasileiros atingidos fatalmente por essa bala, não há o que fazer e para aqueles que desconhecem, também não existe um escudo que possa minimizar o risco de ser alvejado por ELA.
Marcelo F Carmo
17/10/2018
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