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POEMA DE NATAL Vinicius de Moraes - Rio de Janeiro , 1946

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 31 de jul. de 2020
  • 1 min de leitura

Para isso fomos feitos: 

Para lembrar e ser lembrados 

Para chorar e fazer chorar 

Para enterrar os nossos mortos - 

Por isso temos braços longos para os adeuses 

Mãos para colher o que foi dado 

Dedos para cavar a terra. 


Assim será a nossa vida: 


Uma tarde sempre a esquecer 

Uma estrela a se apagar na treva 

Um caminho entre dois túmulos - 

Por isso precisamos velar 

Falar baixo, pisar leve, ver 

A noite dormir em silêncio. 


Não há muito que dizer: 


Uma canção sobre um berço 

Um verso, talvez, de amor 

Uma prece por quem se vai - 

Mas que essa hora não esqueça 

E por ela os nossos corações 

Se deixem, graves e simples. 


Pois para isso fomos feitos: 

Para a esperança no milagre 

Para a participação da poesia 

Para ver a face da morte - 

De repente nunca mais esperaremos... 

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas 

Nascemos, imensamente.

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