O poder e a longevidade das palavras
- Marcelo F Carmo
- 15 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de ago. de 2021
Na verdade nunca imaginei ser capaz de produzir uma linha sequer, vindo de uma formação acadêmica ligada exclusivamente ao pensamento matemático, em quase 20 anos de docência nunca havia produzido nenhum texto. Depois de 2014, após uma grande rasteira da vida, fiquei impossibilitado de trabalhar em 2016, a partir de julho de 2018 passei a me arriscar na produção de pequenos textos que levam a reflexão da minha tragédia humana.
A partir de um dos textos que escrevi, uma pessoa ao ler no Facebook traçou um paralelo com o poema: ** “O mal e o sofrimento” do paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918), o nome maior dentre os cordelistas brasileiros. A partir daí tomei conhecimento desse autor, muito citado por Ariano Suassuna, escritor e dramaturgo paraibano (1927-2014), e esse poema em especial falou fortemente com a angústia por mim vivida.
Como o poder de palavras que derivaram de um sentimento profundo e verdadeiro, podem atravessar um século e hoje fazerem sentido para minha vida. Acredito que o autor não tinha essa dimensão, da longevidade de seus sentimentos em forma de palavras.
Sigo lendo e agora também escrevendo e quem sabe o que o futuro reserva? Pode ser que um dia, meus sentimentos traduzidos em palavras, tragam para alguém o que esse lindo poema trouxe para mim, compaixão e reflexão.
Marcelo F Carmo
21/10/2018
**O mal e o sofrimento
Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando viemos pra cá?
Que dívida é essa
Que a gente tem que morrer pra pagar?
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que foi que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
Por que existem uns felizes
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Moramos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?
Leandro Gomes de Barros
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