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O cego e a guitarra

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 17 de mai. de 2020
  • 1 min de leitura

O ruído vário da rua

Passa alto por mim que sigo.

Vejo: cada coisa é sua

Oiço: cada som é consigo.

Sou como a praia a que invade

Um mar que torna a descer.

Ah, nisto tudo a verdade

É só eu ter que morrer.

Depois de eu cessar, o ruído.

Não, não ajusto nada

Ao meu conceito perdido

Como uma flor na estrada.

Cheguei à janela

Porque ouvi cantar.

É um cego e a guitarra

Que estão a chorar.

Ambos fazem pena,

São uma coisa só

Que anda pelo mundo

A fazer ter dó.

Eu também sou um cego

Cantando na estrada,

A estrada é maior

E não peço nada.


Fernando Pessoa

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