“Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo, sem saber o calibre do perigo eu não sei, de onde vem o tiro.” Essa é a a dura realidade enfrentada por aqueles que sobrevivem a um diagnóstico médico para doenças do Sistema Nervoso Central; o tiro pode vir da falta do remédio (eficácia questionável, mas é o que se tem); desrespeito a direitos de aposentadoria; pesquisas caras e ultrapassadas; consultas médicas ruins e polarizadas nos grandes centros, é “bala” de todos os lados, esses são alguns exemplos, sei que somos alvo de inúmeras intempéries da vida. Aí você vai dizer :”Marcelo todo mundo vai morrer, pessoas morrem diariamente, esse é o fim pra todos!” Concordo em número e gênero com essa afirmação, minhas reflexões são baseadas na percepção de quem foi conduzido coercitivamente a um estágio intermediário, por aqui há uma confusa classificação, vivo, parcialmente vivo ou parcialmente morto? É assim que me sinto sobrevivendo a essa trágica realidade.
A cada dia um novo despertar, a solidariedade e o amor (de alguns) se valendo de escudo para me livrar, mesmo que parcialmente, desse grosso calibre que permanece apontado para minha vida.
Marcelo F Carmo
(inspirado em O Calibre -Paralamas do Sucesso)
03/10/2018