Crônica de natal
- Marcelo F Carmo
- 1 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Aqui tá tudo igual, parece que o coronavírus deu esses dias de férias em Jandira e região. O ritual segue igual, povo fazendo suas festinhas que não é segredo pra ninguém e mesmo assim, seguem tapando todas as frestas — possíveis — do portão da garagem! É muita presunção, ninguém, absolutamente ninguém está interessado no peru alheio. Cada um quer comemorar o nascimento do seu salvador, egocentrismo em ascensão, assim como os gráficos de vítimas da covid 19. Reuniões em família que a frase mais falada é: “Me passa a senha do Wi-Fi” e cada um viajando pelo seu mundo virtual.
À mercearia do Zé não quer nem saber se foi Jesus, Maomé ou Buda que nasceu, segue aberta e com às vendas em alta práqueles que esqueceram os acompanhamentos para o seu peru, chester, e etc. Aqui como em qualquer parte desse mundão capitalista voraz, o rei segue sendo o lucro; “temos tudo que você precisa e aceitamos todos cartões.”
E essa tradição barulhenta e perigosa! motoqueiros sem capacete, sem placa, sem escapamento, sem auxílio emergencial — última parcela esse mês, num país que sempre gastou mais do que arrecada, não deu pra segurar esta necessidade fundamental para sobrevivência dos mais pobres —e sem cérebro. Seres que seguem acelerando noite a dentro com suas motocas estilo Mad Max, póluindo o ar e nossa audição. Pô galera já deu! Nem o pai, nem o filho e tão pouco o espírito santo estão curtindo essa homenagem. Já deu por aqui, deixem as homenagens para o céu.
Mais um natal normal na periferia de São Paulo, o aniversariante segue sendo um mito cada vez mais distante daqui.
Marcelo F cARMO
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