Depois de um tantão de tempo sem ir até à varanda; ver e sentir à luz do sol, hoje me encorajei e por alguns minutos, lá fiquei. À claridade do sol e minhas pálpebras não estão se entendendo mais, muita luz e elas se fecham. O corpo e os seus mecanismos de proteção!
Mas neste pouco tempo na janela do meu mundo, observei meus dois jovens vizinhos, Eduardo e Miguel, 8 e 5 anos, estavam em sua varanda fazendo bolhas de sabão. Lindas e perfeitas bolhas lançadas no ar, umas flutuavam mais, outras menos, os tamanhos eram variados, mas ficou evidente, sua frágil e provisória existência. Mas os dois criadores não se intimidaram com a insignificante e provisória existência das bolhas, seguiram soprando. Esferas findadas e criadas, dividindo esse mesmo instante de vida.
Somos as bolhas de sabão e Deus é o soprador? Depois que a bolha é lançada, o cronômetro — chamado vida — é acionado, a vida é esse instante entre o sopro e o estouro da bolha? Umas bolhas vão mais longe, encantam outras e até se encontram! A única coisa que o soprador não pode fazer — depois que a bolha foi lançada — é restaurar ou transformar sua frágil e finita existência. É só esperar o choque.
Marcelo F CARMO