No ano de 2014, fui diagnosticado com E.L.A. — esclerose lateral amiotrófica — abriu-se um abismo profundo em minha vida, depois do choque inicial, parti para o Dr Google em busca de mais informações e possíveis abordagens para minimizar à avassaladora evolução da doença.
Diante de uma grande quantidade de informações reais, fantasiosas e oportunistas, tomei conhecimento de um grupo no Paraná que fazia uma abordagem terapêutica através da alimentação e outras terapias de apoio, em 2015 passei uns dias por lá e conheci o “banho de contraste”, foco dessa reflexão.
No geral à abordagem proposta nesse “tratamento” deve ser eficiente para situações mais simples, no meu caso só gastei dinheiro, criei expectativas e fiquei longe da família. Mas vamos ao banho terapêutico, trata de intercalar 6 intervalos de 1 minuto, alternando quente e frio. Passei alguns dias fazendo essa terapia duas vezes ao dia e percebia claramente que os 60 segundos na água quente, não eram como os mesmo 60 segundos na água fria, na água fria o tempo parece muito mais longo e angustiante.
Adotei essa analogia em minha vida, vivi por muitos anos na “água quente”, tranquilo, sem perceber o tempo passar, de 2014 pra cá entrei na “água fria”, angustiado, o tempo não passa, respiração ofegante, à temperatura não muda e não há como controlá-la.
Aproveitemos à “água quente” proposta pela vida, ela se apresenta em períodos desconhecidos, de repente à temperatura muda, à “água fria” que angústia e trás desconforto chega e demora passar ou nem passa. Ela se apresenta e não temos como controlar às temperaturas das águas que nos atingem, o regulador não está ao alcance das mãos, ou nunca esteve, era só uma ilusão. E agora! O que fazer? Seguindo à espera de uma nova chance de usufruir das águas mornas da VIDA, sem a prisão dessa maldita SIGLA. Mesmo sabendo ser uma grande utopia, sigo esperando, não tenho outra opção.
Marcelo F Carmo