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Um Jesus freelancer

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 15 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura

Sim! fui um pseudo-amigo, um interesseiro. Quis me achegar a ti quando estava desesperado. Devo me retratar e lhe dizer que alguns fatores contribuíram na formação desse amigo patético que fui, acho que ainda sou. Mas não vou culpar o sistema religioso imperativo no Brasil, pois existem muitas pessoas que também foram expostas ao mesmo sistema e se mantiveram integras e isentas de divindades no controle e descontrole de suas vidas. Não há como justificar minha conduta pífia. Devia ter lido mais filosofia e menos a Bíblia. Se deixado influenciar por expectativas de outros desesperados e aproveitadores, assumo que foi uma tremenda burrice e preguiça de pensar. Vejamos o que Epicuro escreveu 300 a.C, em uma carta ao seu amigo, também grande pensador, Meneceu, ele escreve sobre a felicidade, trecho da carta que fala sobre a relação com os deuses e mitos que criamos e almejamos: “Em primeiro lugar, considerando a divindade como um ente imortal e bem aventurado, como sugere a percepção comum de divindade, não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem aventurança; pensa a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade.”

Epicuro já tinha uma visão tão clara, fico até envergonhado dos meus 40 anos de ilusões, atribuindo a ti aquilo que não lhe compete. Com essa visão superestimada que tive — divindades. Isso só me causou decepção e descrédito com vocês, — “não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem aventurança;” — parece uma coisa tão óbvia hoje, mas não foi sempre assim tão claro nos lugares que me enfiei voluntariamente, ambientes religiosos, superestimei meus deuses e depois ainda quis ficar magoadíssismo, kkk..., quanta infantilidade e presunção.

TreeOni — onipotente, onipresente e onisciente — é o que lhe atribui, não que ache que você não têm estas virtudes, mas do jeito que imaginei; não! Acho que no meio desses mais de 430.000 brasileiros mortos pela covid 19, célebres ou anônimos, pessoas que tiveram suas vidas atribuladas ou destruídas com morte e tantos outros males nesses últimos dois anos de pandemia, vai dizer que esse povo todo também não tinha fé? Só não se decepciona quem mente seus sentimentos. Esse Jesus freelancer que me ajudava nas coisas triviais de uma vida — o que não era pouco — não se sustenta mais no modelo trágico de viver com ELA devorando-me lentamente. Pra gente que aboliu a hipocrisia nas relações pseudo-espirituais, não deu certo...


Marcelo F cARMO

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