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“Tõ aqui gemendo e chorando neste vale de lágrimas...”

  • Foto do escritor: Marcelo F Carmo
    Marcelo F Carmo
  • 3 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de mar. de 2021


Como responder uma das perguntas mais frequentes das relações humanas? É só uma pergunta pra estabelecer um contato — um cumprimento — o que é perguntado, muitas vezes, não é o que se deseja saber! Estou falando do: “Tudo bem?” Faz tempo que não tenho resposta pra esta pergunta. À perda gradual da voz, a impossibilidade de poder me comunicar oralmente, tem aguçado minha audição, então às palavras vazias já não me fazem companhia. O “tudo bem?” — não cabe mais em minha vida, tenho tido dias menos maus, mas bem? não ficarei, nunca mais! Recentemente ouvi uma resposta bem interessante da mãe de um grande amigo — Dona Mariusa, mãe do Lulinha. Tenho batido um papo com ela pelo WhatsApp — se você está lendo no futuro, era um aplicativo de mensagens de textos e áudios — uma inovação tecnológica incrível, permitiu me comunicar por mais tempo, já que os movimentos de meus braços têm resistido — mais — à essa falência sistêmica dos neurônios motores. Mas esse não é o foco desta história, quero partilhar da experiência empírica, daquilo que ouvimos e lemos, o que reflete um sentimento real — sendo bom ou ruim.

A Dona Mariusa me contou que sua avó — lá em Palmeiras dos Índios-Alagoas — já bem idosa, fraquinha pelas dores e limitações impostas pela idade avançada, quando às netas lhe pediam a benção e diziam: “tudo bem vó?” — ela com sua sabedoria de quem já viveu bastante e sabe que viver —invariavelmente — é sofrer. Respondia: “Tõ aqui gemendo e chorando neste vale de lágrimas...”

É isso! Sigo aqui, como a bisavó do Lulinha e outra centena de milhares de humanos, estamos aqui gemendo e chorando neste vale de lágrimas que se tornou nossas vidas.


Marcelo F Carmo

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