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  • Foto do escritorMarcelo F Carmo

Sherlock Holmes tupiniquim

Atualizado: 4 de nov. de 2020


Inspirado nos grandes autores do gênero policial, Edgar Allan Poe — A carta roubada, Jô Soares — O Xangô de Baker Street e o célebre Arthur Conan Doyle (criador do personagem Sherlock Holmes), que já li e vi filmes e séries, me encorajei à narrar esse episódio policial trágico —, que de alguma forma protagonizei.

Foi no ano de 2004, eu havia acabado de ingressar numa carreira pública — essa sólida instituição, que até hoje tenta se agregar ao sistema de segurança pública oficial — guarda civil municipal de Barueri. Por aqui, fazem tudo que à polícia militar faz, mas não é uma instituição reconhecida e respeitada como tal, por parte da sociedade. Em paralelo com essa minha conquista pessoal — aprovação num concurso público concorridíssimo —, fomos afetados por um episódio de violência sem prescedentes, meu cunhado — um jovem promissor de vinte e poucos anos — foi vítima de um assalto seguido de espancamento, isso quase lhe custou a vida, além da grave ameaça à vida, alguns bens também foram subtraídos, entre esses um aparelho de telefone celular, na época era um dos aparelhos de ponta. E foi essa ponta que despertou em mim o espírito investigativo. Em 2004 os aparelhos não tinham essa tecnologia de chip — era uma relação monogâmica. Eu recém formado nessa atividade policial e observando o descaso da polícia civil — encarregada de investigar — tomei pra mim essa responsabilidade e iniciei uma investigação. De início tentei ligar do meu telefone fixo e celular, tentativas em vão, suponho que me identificavam por manterem a agenda. Mudei de estratégia e passei a usar um orelhão (telefone público), numa dessas tentativas, uma mulher atendeu — eu não tinha nenhum plano —, mas na hora improvisei e disse tratar de um recadastramento da operadora, por sorte, tinha caneta e papel em mãos e fui anotando tudo, depois de uns dois minutos falando, à mulher foi repreendida, por um interlocutor, e subitamente desligou. Mas já tinha me passado informações importantes, o mais rápido possível, tratei de repassar para à polícia civil que prontamente recebeu as informações e logo iniciou diligências, que culminaram na prisão dos bandidos, parcialmente, pois um deles tinha sido assassinado naquela semana, e foi reconhecido no IML. O fio da meada realmente foi a ligação, à mulher era dona de uma agência de motos semi-novas, que tinha recebido o aparelho como parte de pagamento na venda de uma moto, para o bandido vivo. Felizmente esse esforço culminou na solução desse crime — o que no Brasil é uma exceção.

Depois de, aproximadamente, um ano fui convocado ao fórum da cidade e nesse dia pude testemunhar toda integridade e honestidade dos policiais civis — envolvidos no caso —, os fatos foram narrados de forma fidedigna ao juiz, que nessa audiência, gentilmente teceu elogios pelo meu empenho e disposição. Um caso elucidado sem o glamouroso ambiente misterioso de Londres, universo de Sherlock Holmes, mas o resultado foi tão satisfatório quanto, crime elucidado e os culpados condenados.


Marcelo F CARMO

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