Poço sem fundo

Sempre ouvi um ditado popular: “O bom de chegar ao fundo do poço e que agora a única opção é subir.”

A partir das minhas experiências acreditei que — por mais profundos que pudessem parecer — os poços que surgiram na vida apresentavam um fundo, isso até um certo momento da vida. De uns quatro anos pra cá conheci um dos poços da vida, que infelizmente, não apresenta tal característica, ou seja, o fundo do poço não existe.

Pra quem adentrou nesse poço, as expectativas de voltar ao topo, são praticamente zero. E por mais fé e espiritualidade que se tenha—ou se imagine ter —, o dia a dia neste poço obscuro, frio e com paredes lisas — mostra uma realidade que dificilmente é um ambiente FÉrtil para esses sentimentos.

Uma das pessoas notáveis que sobreviveu por mais tempo nesse poço —foi o físico teórico e cosmólogo britânico Stephen William Hawking (1942-2018) um dos mais consagrados cientistas do século. Uma das mentes mais brilhantes do mundo, principais campos de pesquisa de Hawking foram cosmologia teórica e gravidade quântica.

Aí fica minha indignação, esse homem tão inteligente — um gênio segundo a Ciência Mundial— dedicou tanto tempo de sua vida, já vivendo a realidade dessa terrível doença, para pesquisas e estudos de conceitos e teorias que estão tão distantes da realidade — para a maioria da humanidade —, não que seja contra as pesquisas científicas!— é que nesse caso específico— esse cientista poderia ter utilizado toda sua capacidade intelectual para entender mais e melhor essa doença, tão complexa quanto às teorias citadas por ele em seus estudos, poderia assim fazer uma diferença na vida dele e nas demais pessoas afetadas. Eu entendo que é uma decisão pessoal, cada um prioriza aquilo que defende e acredita, respeito. Minha reflexão segue o raciocínio da ordem das prioridades à vida.

Seguindo em descendência nesse poço sem fundo, com a insana e pequena esperança de atingir o fundo em breve.

Marcelo F Carmo

25/10/2018