top of page
  • Foto do escritorMarcelo F Carmo

Meu Everest

Atualizado: 29 de jun. de 2020


Desde o ano de 2009, quando estive à primeira vez na Pedra do Baú com a minha família, despertou em mim um desejo de conhecer outros lugares com à natureza exuberante das montanhas. Entre 2013 e 2014 encontrei no meu amigo Geleia a mesma vontade, iniciamos no Pico dos Marins, primeira tentativa fracassada — “batemos lata” no primeiro maciço de rochas —, fizemos uma segunda expedição — Geleia, Mateus e o Cláudio Anima—e dessa vez, cume! Nessa expedição eu já apresentava dificuldades na coordenação motora fina da mão direita, nem imaginava o que estava por trás disso. Prossegui a investigação médica e em novembro recebi o diagnóstico — uma bomba! Saindo do hospital com esta desconhecida TNT na mochila, fiz mais duas expedições em 2014, Pedra da Mina — Geleia, Mateus, Lucas e Grandão — e parte alta do Itatiaia de bike — Geleia, Pet, Jessica e à Cleia de carro nos dando suporte. Aproveitei esse período até o final de 2016 para conhecer o que fosse possível, da maravilhosa Serra da Mantiqueira e aprender mais sobre à prática do montanhismo. Li alguns livros que tratavam do Monte Everest, sonho de muitos aventureiros — também já sonhei. O Monte Everest é a montanha mais alta do mundo, com 8.848 metros de altitude. Está situado no continente asiático, na cordilheira do Himalaia (fronteira do Nepal com o Tibet). Em função da altitude, o cume dessa montanha permanece coberto por gelo durante o ano todo. Um sonho muitíssimo distante para maioria das pessoas, preço altíssimo, condicionamento físico de super atletas e etc, são muitas barreiras, mas hoje sei que são pequenas perto da bomba misteriosa que tem— dia após dia implodido e explodido meus insubstituíveis neurônios motores— pesado em minha mochila — desde novembro de 2014 — quando fui diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica. Hoje observo os degraus de escadas e acessos da minha casa — intransponíveis pra mim — e penso: “Esses são o meu Everest”, uma ascensão de alguns centímetros inviabilizada por esse mal misterioso, que afeta à mim, milhares de brasileiros e outros semelhantes por esse mundo

A partir de 8.000 metros acima do nível do mar — ambiente chamado de zona da morte — porque à adaptação humana é considerada, praticamente impossível. Nessa altitude o ar tem tão pouco oxigênio — o que causa um grande  estresse ao corpo — que o organismo começa à consumir sua própria carne para sobreviver.

Estamos sobrevivendo na zona da morte, sem alcançar grandes altitudes, por aqui também precisamos de oxigênio suplementar, a locomoção é muito difícil e assistimos nossos corpos serem consumidos. Para nós, não existe à segurança das baixas altitudes. Não temos a possibilidade de descer pra um abrigo seguro.


Marcelo F Carmo

10/09/2018

14 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Não vou e também não fico

Vai com Deus! Fica com Deus! Já não ouço mais à primeira, pois já não vou a lugar nenhum, à segunda é recorrente por aqui. Acredito nas boas intenções humanas, mas sigo achando um grande equívoco, que

Poeminha caipira

Ú maR qui mi pego Mudô ú fiRme De minha aRma Mi faRta ser firme Mais tô farto di sofrê Num sei ú qui fazê Quiria minha vida di voRta Mais tem coisa qui num voRta Pra nós Tá fechada a porta. Marcelo F

AusênciaS

As vozes às vezes falham. Pouco sei de quando estive. Nada sei quando faltei. Motivos diversos sentimentos incertos. Será que fiz falta? Tempo perdido ou tempo ganho? Perdi quando deixei de ir. O temp

bottom of page