Desde o ano de 2009, quando estive à primeira vez na Pedra do Baú com a minha família, despertou em mim um desejo de conhecer outros lugares com à natureza exuberante das montanhas. Entre 2013 e 2014 encontrei no meu amigo Geleia a mesma vontade, iniciamos no Pico dos Marins, primeira tentativa fracassada — “batemos lata” no primeiro maciço de rochas —, fizemos uma segunda expedição — Geleia, Mateus e o Cláudio Anima—e dessa vez, cume! Nessa expedição eu já apresentava dificuldades na coordenação motora fina da mão direita, nem imaginava o que estava por trás disso. Prossegui a investigação médica e em novembro recebi o diagnóstico — uma bomba! Saindo do hospital com esta desconhecida TNT na mochila, fiz mais duas expedições em 2014, Pedra da Mina — Geleia, Mateus, Lucas e Grandão — e parte alta do Itatiaia de bike — Geleia, Pet, Jessica e à Cleia de carro nos dando suporte. Aproveitei esse período até o final de 2016 para conhecer o que fosse possível, da maravilhosa Serra da Mantiqueira e aprender mais sobre à prática do montanhismo. Li alguns livros que tratavam do Monte Everest, sonho de muitos aventureiros — também já sonhei. O Monte Everest é a montanha mais alta do mundo, com 8.848 metros de altitude. Está situado no continente asiático, na cordilheira do Himalaia (fronteira do Nepal com o Tibet). Em função da altitude, o cume dessa montanha permanece coberto por gelo durante o ano todo. Um sonho muitíssimo distante para maioria das pessoas, preço altíssimo, condicionamento físico de super atletas e etc, são muitas barreiras, mas hoje sei que são pequenas perto da bomba misteriosa que tem— dia após dia implodido e explodido meus insubstituíveis neurônios motores— pesado em minha mochila — desde novembro de 2014 — quando fui diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica. Hoje observo os degraus de escadas e acessos da minha casa — intransponíveis pra mim — e penso: “Esses são o meu Everest”, uma ascensão de alguns centímetros inviabilizada por esse mal misterioso, que afeta à mim, milhares de brasileiros e outros semelhantes por esse mundo
A partir de 8.000 metros acima do nível do mar — ambiente chamado de zona da morte — porque à adaptação humana é considerada, praticamente impossível. Nessa altitude o ar tem tão pouco oxigênio — o que causa um grande estresse ao corpo — que o organismo começa à consumir sua própria carne para sobreviver.
Estamos sobrevivendo na zona da morte, sem alcançar grandes altitudes, por aqui também precisamos de oxigênio suplementar, a locomoção é muito difícil e assistimos nossos corpos serem consumidos. Para nós, não existe à segurança das baixas altitudes. Não temos a possibilidade de descer pra um abrigo seguro.
Marcelo F Carmo
10/09/2018