Dormi um certo dia e subitamente acordei dentro de um cofre blindado, esse cofre apresenta paredes maciças de vidros transparentes e intransponíveis, essa superfície tem uma programação que gradativamente impede a saída do som, já a entrada é garantida durante toda a permanência, a área de locomoção é reduzida, fica-se inerte ou com mobilidade restrita, tanto fazendo ser destro ou canhoto, te “espreme” bilateralmente, tem-se também uma limitação de altura nesse “cofre”, obrigando ficar sentado e com o avanço da permanência, essa altura é reduzida, obrigando permanecer deitado. Sensações como olfato e tato são acessíveis por essa “parede”, existe uma porta para acessar o mundo exterior, mas ela tem uma programação que vai sendo reduzida com o passar dos dias, meses e anos, até se extinguir, os intervalos e períodos de abertura dessa porta são “personalizados”, um mistério. As paredes de vidro permitem ver e ser visto pelo mundo daqueles que estão fora do “cofre”, mas dificulta a comunicação, pelo comportamento excepcional do som, essas particularidades tornam a vida de um ser humano preso nesse cofre de vidro trágica e um tanto chata.
Parece um roteiro de ficção cientifica? Até parece! Mas trata de uma analogia superficial do que é vivido por milhares de brasileiros, que de repente receberam a notícia de terem “adentrado” o raro grupo dos portadores de doenças dos Neurônios Motores.
Aqui estamos dentro desse maldito “cofre” a espera de alguém ou algo que possa abrir definitivamente essa “porta” e nos trazer de volta a essa incrível e dinâmica VIDA.
Marcelo F Carmo
09/09/2018