“A jornada é mais importante que o destino.” Li de um amigo que ouviu de uma amiga. Foi numa ocasião peculiar de nossas vidas, ele; um administrador de empresas mountainbiker, e eu; ex-professor ex-mountainbiker, metidos na edição de um livro de crônicas e poesias! A vida segue sendo vida, imprevisível como sempre. Hoje tive a grata surpresa de ler o prefácio que meu amigo Renato fez para meu próximo livro, agora estou um escritor, o ‘es’ que hoje me guia — escritor! não ex-critor —, livro de título: ‘Sobre viver com ELA’. À primeira frase do prefácio; “A jornada é mais importante que o destino.” Imediatamente lembrei do que amávamos fazer juntos, nos desafiávamos com à prática de mountainbike, sempre aos domingos pela manhã. Um dos destinos mais desafiadores era: A Placa — percurso de + ou - 100 km com uma ascensão muito íngreme, Buzolina era para os fortes —, o nosso Monte Everest, o importante realmente é o caminho, o cume é só um instante de glória, como dizem os alpinistas que se aventuram nas Cordilheiras do Himalaia: “O cume é só metade do caminho.” Me lembro o quão distante ficava o centro de Santana de Parnaíba na volta e ainda faltava toda Estrada dos Romeiros ou subir sentido Aldeia da Serra — o caminho que escolher vai doer.
No esgotamento físico, alguns resgatam à humildade e zeram à competitividade irracional, nesses momentos, ter um companheiro ao lado é um acalento que afasta àqueles desejos escusos; vontade de descer da bike, tirar a porra do capacete e empurrar à bike ladeira acima fazendo S’s intermináveis ou se deixar seduzir por uma rabeira de caminhão; humilhações que para essa tribo — mountainbiker — tem nível baixíssimo. Seguíamos com certa dignidade em uma ascensão lenta e sofrida até nosso destino final: à praça de Jandira. A partir daí tropa desfeita, cada um para o seu ninho. Até o próximo domingo top’s.
Marcelo F cARMO